A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA
Se perguntarmos, o que é teologia?
A resposta mais simples que diriam seria, o estudo sobre Deus. Bem, não está errado, porém, se a ciência natural se preocupa com os fatos, a teologia se preocupa com fatos e princípios da Bíblia, com o objetivo de sistematizar, averiguar e desenvolver as verdades gerais que esses fatos envolvem. A teologia definida em um ângulo geral, é o estudo ordenado e sistemático do supremo Ser e de seu relacionamento com a humanidade, tendo como base a revelação de Deus que se acha na Escritura Sagrada, a revelação natural e a experiência religiosa. Em sua sistematização, existem diversos caminhos pelos quais a teologia como análise, proposta e formação passa, utilizando-se da lógica e de outras metodologias para fins didáticos.
Há alguns anos atrás, a importância que se dava a Teologia como parte da grade curricular da escola era simplesmente nenhuma, havia uma certa distância entre a necessidade de se conhecer teologia e se formar teólogos, com isso abria-se um grande precedente na própria questão do conhecimento humano, pois certamente todo indivíduo tem o direito de ter acesso a qualquer área do saber, sem haver exclusão nenhuma.
No período da Idade média, a teologia ocupou lugar de destaque no currículo escolar, apesar da forte influência da Igreja no sentido de se direcionar o estudo teológico ao extremismo dos dogmas, causando assim, diversas deficiências ligadas a aplicação da teologia de forma acadêmica. Porém, neste contexto que havia também crises políticas e religiosas, a teologia galgou o mérito de ser a rainha de todas as matérias; principalmente no período reconhecido como Renascimento.
A teologia é uma disciplina viva e dinâmica; sua fonte de autoridade não muda e esforça-se por comunicar as verdades eternas à humanidade que vive em constante mudança. Por isso fazemos menção da importância da TEOLOGIA, porque esclarece como a pessoa pode estreitar seu relacionamento com Deus, desenvolvendo o caráter cristão, a fé, o conhecimento doutrinário, o preparo para o ofício da Palavra do Evangelho, sendo um instrumento apologético e eficaz no combate as heresias. Definir a importância da teologia hoje, é considerar seu valor prático para a vida cristã, pois em nenhuma parte das Escrituras encontramos uma doutrina estudada como um fim em si mesma ou isolada da vida. Os ensinos bíblicos sempre são aplicados à vida em todo tempo e eras, de forma a causar crescimento espiritual na vida daqueles amam e servem a Deus.
Vejamos o
comentário do Professor Ramiro Pellitero
Instrumento
eficaz na nova evangelização, chamada de atenção aos teólogos, para que se
abram à vida dos cristãos e aos crentes, para sua formação permanente e sua
abertura também à teologia: é a missão da Teologia Pastoral, explica o
sacerdote e professor desta matéria, Ramiro Pellitero.
Docente da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra (Espanha), o
professor Pellitero publicou um novo livro, desta vez sob o título «Teologia
pastoral: panorâmica e perspectivas» (editora Grafite, Bilbao 2006).
Qual
é a importância da Teologia Pastoral no currículo teológico?
Prof. Pellitero:
É uma disciplina que a partir do Concílio Vaticano II foi cobrando uma
importância crescente, encaminhada a promover a ação evangelizadora. Também, de
fato, a maioria dos documentos recentes do Magistério, tanto universal como
local, tem «caráter pastoral», e é, portanto, de grande utilidade possuir ao
menos uma formação básica nestes temas, também para poder aprofundar nos
conteúdos destes documentos.
Como disciplina
acadêmica, a Teologia Pastoral existe desde o século XVIII. Como ela é
entendida hoje?
Prof. Pellitero:
Em muitos lugares, ela continua sendo concebida como a Teologia da práxis dos
Pastores (ministros sagrados), como indica seu nome, em sentido estrito;
logicamente, depois do Concílio, a tarefa dos Pastores se compreende desde uma
eclesiologia de comunhão. Por outra parte, a Igreja é construída por todos os
cristãos e, portanto, é conveniente uma matéria que tenha por objetivo a ação
da Igreja, e que se situe em diálogo com as modernas «ciências humanas» (como a
pedagogia, a psicologia, a sociologia, etc.). Este segundo enfoque, mais amplo,
é, a meu entender, o mais fecundo.
Como, então, a
Teologia Pastoral se insere no conjunto da teologia?
Prof. Pellitero:
O ponto de partida é que a Teologia é uma e é ciência da fé. Pois bem, a fé é
plena quando é vivida. A fé plasma tanto a vida do crente como da comunidade
cristã.
Portanto, toda a teologia possui uma dimensão pastoral ou prática, uma íntima
relação com a vida. Hoje parece fundamental tomar consciência desta relação
entre a teologia e a vida cristã ou a práxis eclesial. Porque com freqüência,
ou se cultiva uma teologia distante ou isolada da práxis eclesial, ou se
cultiva uma pastoral tendente ao ativismo, que prescinde da contemplação e
também da teologia.
Se isso é questão de
toda a teologia, para que é necessária especificamente esta ciência? É só para
especialistas?
Prof. Pellitero:
Precisamente é missão desta (relativamente) nova disciplina: por um lado,
chamar a atenção dos teólogos para que se abram à vida e à missão dos cristãos;
por outro, convidar todos os crentes a abrir sua vida e sua ação à teologia.
Quando digo teologia, não me refiro só aos que a cultivam academicamente, mas
ao «hábito espontâneo» de «teologizar» (explicar «as razões de nossa
esperança»), que convém iniciar em todo cristão desde o uso de razão. Isso é
muito importante nas circunstâncias atuais de «nova evangelização». A Teologia
pastoral é, por isso, um instrumento muito adequado para a formação permanente
de todos os cristãos.
Desde o ponto de
vista docente, o que o professor de Teologia pastoral pode ou deve buscar?
Prof. Pellitero:
A Teologia pastoral procura fortalecer as convicções e configurar as
disposições e atitudes, no referente à ação do cristão. Propõe os fundamentos
teológicos da prática pastoral e eclesial, e ao mesmo tempo, convida a pensar
teologicamente essa prática, extraindo conclusões, critérios e orientações com
o fim de melhorá-la.
Não se deve pensar que porque se conhecem os fundamentos teológicos, e estes
sejam corretos, automaticamente eles serão «aplicados» na prática; deve-se
levar em conta que, antes de tudo, é preciso deixar Deus atuar, contando também
com as capacidades e as limitações humanas, e sem perder de vista a Cruz. Por
isso, é conveniente perguntar-se os motivos de nossa atuação, como melhorá-la,
e avaliar essa melhora.
Você poderia nos dar
algum exemplo concreto das questões abordadas neste livro?
Prof. Pellitero:
Além de valorizar o que, nesta matéria, se estudou depois do Concílio em
diversas áreas lingüísticas (germana, francófona, italiana, espanhola,
anglófona), quis sublinhar algumas questões fundamentais.
Talvez a mais importante é que, a partir da Encarnação do Filho de Deus, a ação
eclesial (o apostolado dos cristãos) é sinal e instrumento do atuar de Cristo e
do Espírito Santo: este é o critério fundamental para compreender, interpretar
e melhorar a ação eclesial. Por isso, a «eficácia» do apostolado depende
sobretudo da «qualidade» da vida cristã (união com Cristo), vivida na comunhão
eclesial.
Desta forma, é chave compreender a relação entre a fé, os sacramentos e o
serviço da caridade (que a encíclica «Deus caritas est» quis reforçar). Grandes
temas «pastorais» ou «práticos» são também: a santidade e a oração
(principalmente a partir da celebração litúrgica): ambas se situam no núcleo da
ação eclesial como impulso que leva a colaborar com a salvação. Por outro lado,
o seguimento de Cristo (a santidade) e a oração (como expressão do diálogo com
Deus, em que consiste a vida cristã) se devem traduzir em um serviço concreto a
todas as pessoas e ao mundo.
E sobre os conteúdos
concretos de sua proposta docente?
Prof. Pellitero:
Uma vez clarificados seus fundamentos, a teologia pastoral se compreende bem
como «eclesiologia prática» ao alcance de todos. Ocupa-se da missão da Igreja
no mundo aqui e agora, em relação sempre viva com a Trindade; o discernimento
da vontade de Deus segundo os «sinais dos tempos» («alma» do método
teológico-pastoral); a complementaridade das estruturas eclesiais (universais e
locais); os «responsáveis» (todos os cristãos) da evangelização e suas diversas
«tarefas» (pastoral e ecumênica, missionária e de «nova evangelização»).
Quanto às ações eclesiais concretas, a trama se constitui, como já disse, sobre
o trinômio Palavra-Culto-Serviço.
Portanto, corresponde à Teologia Pastoral estudar:
O primeiro termo, a transmissão da fé por meio da palavra (o primeiro anúncio
da fé, o testemunho e o diálogo, a pregação, a catequese e o ensino da
Religião).
Em segundo lugar, a celebração litúrgica como centro da ação eclesial (ou seja,
a pastoral dos sacramentos e as ações que giram em torno deles: a iniciação
cristã, a formação dos jovens e os adultos; a pastoral familiar e vocacional; a
pastoral da penitência, a atenção aos idosos e aos doentes).
Em terceiro lugar, a vida e ação dos cristãos como serviço de caridade (aqui
encontram seu lugar temas como a evangelização em conexão com a promoção
humana, o trabalho como meio de santificação e apostolado, o amor preferencial
pelos pobres e necessitados, a evangelização da cultura e das culturas, e a
atitude dos cristãos em um ambiente de pluralismo religioso).
Postado Por: Professor Dr. Wagner Teruel
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